sábado, abril 09, 2011

Chronos


Tempo, senhor da vida, tão solidário quanto um anjo, e tão traiçoeiro quanto um demônio. Não importa o que ocorre, o que o homem ou a natureza façam, o tempo está lá, constante, nunca abrindo exceções. Pode-se tentar ignorá-lo, fingir que o tempo não existe, mas ele não depende de crença de ninguém para existir. Existe, sempre.
Tempo nos faz esquecer dores, amores, amigos, momentos, tristezas, derrotas, vitórias. Independendo do que pensa sua “vitima/cliente/paciente”, ele leva lembranças, derrama sobre elas seu véu, que distorce e camufla.
Apesar de parecer uma entidade malévola, apenas um desejo o tempo tem para nós, mortais, sujeitos a ele. Que vivamos o tempo que nos é dado, pois o tempo segue sempre constante, o nosso viver o tempo é que se altera; logo, viva o tempo, que certamente viverás mais do que os que se preocupam em parar o tempo.

quarta-feira, abril 06, 2011

Amor Felino


Certa vez me perguntaram como eu classificava os gatos. Não fui muito gentil na época (tinha uns 15 anos de idade, convivendo com gatos desde o berço), não gostava de gatos, afinal, não brincavam comigo, não da forma como eu queria. Tinha uma rixa de longa data com eles. Depois me disseram que assim era a forma como eu classificava/entendia/esperava que minha “alma gêmea” seria. Me revoltei no momento, mas enfim disseram que Sua Santidade Dalai Lama (se é que é assim que se escreve o nome dele) tinha dito, então estava dito.
Hoje, com 22 anos, tenho uma filhote de gato, e vivendo os turbilhões dos sentimentos, paixões, hormônios, compreendo um pouco melhor a associação (metáfora?) de Sua Santidade (se foi mesmo ele, mas enfim). Cuidar de um filhote de gato é quase como tentar conquistar uma paixão. Não adianta perseguir, proteger, sufocar o pobre gato. Ele precisa conhecer o mundo e ele explora, vive, e você cuida, e às vezes se esquece e vai viver também, vai escrever (quem sabe) e quando menos espera, ele(a) vem chamando sua atenção, brincando contigo, exigindo carinho. Muitas vezes tem-se a impressão de que apenas querem chamar sua atenção e agem como bobos. Assim como tolos somos ao tentarmos agradar este filhote, agimos como criança e ambos, ao tentar agradar, ao  agir como criança, às vezes, machucam o outro, às vezes a si mesmos.
Ou seja, consigo ver muitas relações, espero aprender mais, junto com esta nova intregante, batizada de Meleca (Mel para os íntimos). E ter mais critérios de comparação. Espero só não começar a chamar minhas paixões de gatinha, ou que elas não cuspam bolas de pelo. Mas daí já sou eu, exagerando.

domingo, abril 03, 2011

Paraíso Morfético

Morfeu, entidade mítica, assim como o Puck, desejo que me tragas o encanto da noite. Me acolha em seus braços e me embale em um sono de esquecimento e memória. Puck, pequeno ser mítico e místico, peço-lhe um sonho de uma noite de verão, permita-me que ame quem nunca imaginei, que viva o que nunca vivi.
Fadas, revelem-se para mim, em meu estado de desapego, contem-me seus segredos, ensinem-me a voar, sonhar, amar. Ensinem-me a acreditar e, pela manhã, façam que tudo vire esquecimento, como se um sonho fosse. Sonho que leva à reflexão.
Ninfas, belas filhas das árvores, mostrem-me os caminhos de seus virgens bosques, seduzam-me, enlouqueçam-me. Me ensinem a confiar e a cuidar das florestas, casas de criaturas tão ou mais divinas que vocês, que se mostram a esse pobre mortal, que as deseja. Mas compreende que nunca poderá pedir que abdiquem de ser quem são.
E que Morfeu me leve nesta viajem e me faça acreditar que nada disto aconteceu, e me devolva a esta dura “realidade”. Realidade sem crença, sem mágica, sem a beleza da vida.

sexta-feira, abril 01, 2011

Autoretrato (1)


Tristeza inexplicável, surgida da felicidade. Seria como a ressaca? É o corpo se livrando do excesso, com isso surgindo esse momento de desolação, esse vazio, essa necessidade de afirmação, pertença e carinho? Ou seria a paixão, que eleva e ao mesmo tempo submerge o espírito na escuridão? Ou seria apenas uma mesquinhez infantil, por se descobrir como não sendo o centro do universo alheio?
Talvez seja apenas um aviso, uma provação, que desafia o indivíduo a vencê-la, a se mover apesar dela, a buscar a mudança, como se aqueles que se entregam à tristeza não fizessem por merecer a felicidade.