domingo, julho 24, 2011

Brigas, discussões, amizade, carinho.

"O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice.

Achei legal =]"



Amor, sentimento complicado de colocar em palavras, pois as palavras não conseguem conter nem um milésimo da complexidade deste sentimento. Palavra já gasta, cantada, versada, filosofada. 
Mas mesmo assim se renova sempre, e se valoriza de forma absurda pois todos barganham ouvir, temem em falar, mas na boca de alguns se transforma em trocados. Pois na boca destes, perde a relação com o sentimento que lhe deu origem.

não falei nada com nada né? é o preço de conversar comigo as 6 da manha.

Bj

terça-feira, julho 05, 2011

Passeio na praça


Pobre menino assustado, venha cá, por que choras?
Não fala com estranhos?
Bela educação, mas como fica quando estás assim? Só, triste, parecendo perdido?
Achas que algum estranho se importará? Só por que achas que é um pobre menino?
Já te olhaste no espelho? Sabes realmente quem és?
Sim, te chamei de menino assustado, mas de lá pra cá, o quanto mudaste?
Vês? Já és adulto, onde foi sua infância? E sua adolescência?
Vais realmente me responder isso? Achas que tem tempo?
Sentiste pena de si mesmo, e olha o que aconteceu. Envelheceste.
Viva antes que acabe morrendo de idoso.
Quem sou eu? Por que me importo?
Pois sou o único que não devia ser estranho a ti.
Respondo, sou tu. E tu? Quem és?

Nintópolis

 Seu Domingues, grande magnata do ramo das nozes, nunca teve dificuldades na vida. Fez uma faculdade de administração, herdou a função do pai, sucessor de gerações de imperadores das nozes. Mulheres? Nunca teve que se preocupar, caíam no seu colo, esperando que fossem a futura Senhora Domingues, pra torrar a grana desse magnata de apenas 25 anos.
O pai, Seu Domingues, agora, após falecido, conhecido como Seu Cássio Domingues, morreu de forma incompreensível, simplesmente, parou de respirar e foi se encontrar mais cedo com outros familiares, história parecida, muitos entes haviam partido de forma parecida. Sem uma idade determinada, sem diagnóstico. Nenhum médico descobriu.
Seu Domingues, não sabia o muito o que fazer, mal tinha se formado na faculdade, com ressalvas e recuperações, diriam alguns até que com subornos e favores (algumas professoras também sonharam ser a prometida); o Seu Cássio foi ter com os seus, o que faria um Magnata das nozes, em plenos 25 anos, numa cidade que vivia de nozes, cidade que desprezava?
Gastou dinheiro montando negócios mirabolantes na cidade, mas não tinha paixão por nenhuma, foi da galeria de arte, até uma boate. Não haviam artistas na cidade, a boate poderia até ter sido bem sucedida, mas apenas ele podia arcar com os preços das caras bebidas que encomendou. A primeira festa, foi a da falência da boate, ele acabou não cobrando entradas, e distribuindo bebidas. A cada fracasso, repassava a escritura para quem se interessasse, deixando as vezes o que tivesse no caixa.
Seus funcionários acabavam sendo relocados nas suas empreitadas, pessoas sem muita instrução, mas trabalhadoras, acabavam virando caixas de mercadinhos, ajudantes no estaleiro que construiu, e por revolta com o fracasso, e a simpatia com o funcionário, transformava-os em donos, não sem antes demiti-los, se pedissem, sem justa causa, pagando indenizações absurdas.
Notou que algo estava errado, quando foi comprar bebida no seu antigo mercadinho, o cartão não foi aceito. Se sentiu constrangido, nunca imaginou tal coisa. O dono, Cicero, um negro, já com seus 70 anos, havia vivido a vida toda na empresa e nas plantações dos Domingues, ajudou a cuidar do Seu Domingues, agora com 35 anos, ralhando com ele as vezes, foi o primeiro funcionário a se aventurar nas empreitadas do Chefe, passou por vários empreendimentos, pela Boate Domingues, pelo Porto Domingues, pela Tecelagem Domingues, até parar na Mercearia Domingues, onde pediu com carinho, para tomar conta. E recebeu a Escritura, com lágrimas nos olhos. Nunca mudou o nome nesses 7 anos de funcionamento. Notou a situação, Seu Domingues mesmo, o havia ensinado a usar a máquina de cartões. Ofereceu a bebida ao antigo chefe, como um carinho, um presente. Presente recusado, veementemente, com a argumentação, que de presentes se vai a falência. Recebeu um grande abraço do velho amigo, que comentou algo sobre a dieta.
Seu Domingues, desolado, foi no banco, Domingues claro, conversar com seu gerente, antigo contador da família, perguntou o que havia acontecido com a conta. Descobriu que a meses havia atingido o vermelho, e que não recebia mais pagamentos. Mas como era o Seu Domingues, o gerente, conhecido como Celsinho, abriu concessões, mandou cartas, disponibilizou limites astronômicos. Porém, o banco havia sido comprado por uma grande corporação, e ele não pôde mais controlar a conta VIP do Seu Domingues. Celsinho se ofereceu para retomar o velho cargo, e ajudar Seu Domingues a encontrar as falhas nos livros caixas, e o motivo dos não recebimentos, ouviu uma risada, recebeu um abraço. E viu Seu Domingues, sair pela porta, assoviando alguma canção alegre.
Seu Domingues, resolveu visitar as plantações, descobriu que havia empregado toda sua empresa em outros estabelecimentos, havia feito a cidade surgir do pó, e levou sua empresa ao pó. Riu, pois nunca amou tanto aquela cidade, cidade cheia de grandes amigos. Colheu uma noz, com dificuldade, tentando lembrar de como o avô ensinou uma vez, só que a lembrança, e o descaço, atrapalharam, ele odiava aquela plantação, plantação que ele negligenciou, e que por anos o sustentou. Descascou, toscamente, com uma ferramenta abandonada. E comeu. Eram boas, não lembrava do gosto, ao lembrar do gosto, lembrou de uma ida ao hospital, na infância. Mesmo dia que o avô o ensinou a descascar. Voltou a sentir a falta de ar da infância, se sentou, recostou na árvore, tentou gritar, chorou, e começou a rir. Os magnatas eram alérgicos a nozes, quem diria?
Cicero o encontrou,sem vida com um sorriso no rosto, e o enterrou ao pé da mesma árvore.

Eu, Nêmesis de mim


Sou certo, sou errado
Sou justo, sou injusto;
Sou tolerante, sou cruel;
Sou correto, sou preconceituoso;

Sou meu herói e meu algoz
Fogo que me consome
Culpa que me é feroz
Orgulho que não tem nome

Sou prudente, sou estúpido
Sou gênio, Plagiador
Carinhoso, Sádico
Sou ético, corruptor

Dicotomizo a mim mesmo
Saboto tudo que acredito
Não vivo nada que desejo a outrem
Hipócrita fétido e escamoso.